domingo, 28 de março de 2010

Partilha da Filipa Torres (CJ)

“Não fostes vós que me escolhes-tes; fui Eu que vos escolhi a vós” (Jo, 15-16).

Nasci numa família “não crente”, de pessoas com dinheiro e estatuto social, mas que continha uma grande tesouro: um tio padre!!
Fui baptizada por esse tio no dia do meu primeiro aniversário e, a partir daí nada mais aconteceu… não houve catequese, nem primeira comunhão, nem nada dessas celebrações que as crianças gostam muito e que eu desconheço como são! Missa nunca, Deus não existia nem dentro nem fora de casa.
Estudei num colégio católico só pelo simples facto da minha mãe trabalhar lá. Recordo-me que algumas vezes ia à capelinha (sempre deserta, claro!!) não sei fazer o quê, mas creio que era uma tentativa de “rezar” ou fazer aquilo que ensinavam (ou tentavam ensinar!) nas aulas de moral. Claro que para mim, aquilo não passava de uma tentativa frustrada pois Deus não existia na minha cabeça, muito menos no meu coração.
Adiante… passaram 14 anos e, por uma questão social e para “poupar duas festas”, resolveram que eu podia fazer a primeira comunhão, juntamente com a minha irmã mais velha e com o baptizado de uma outra irmã. Assim foi, 1 mês de “catequese” e a comunhão foi “feita”, novamente, e graças a Deus, pelo meu tio, que na altura já se encontrava bastante velhinho! Se teve significado? Se sim, ficou escondido no meu coração… foi aquele “corpo e sangue de Cristo” que não entendia mas que a certa altura se revelou de uma forma tão grandiosa que hoje não sei explicar. Recordo ainda a mágoa ou tristeza que o meu tio tinha por nós (eu e minhas irmãs) não andarmos na catequese… lembro que me provocava várias vezes mas, era demasiado criança para compreender o sentido de tudo aquilo.
Após essa “primeira comunhão” creio que mais nenhuma se seguiu durante 2 ou 3 anos. Mas a catequese “anti-Cristo” continuava em casa, o que me ia fazendo questionar realmente essa “ausência” e me levou a procura-la/prová-la.
Foi por essa altura, ou seja, pelos menos 16/17 anos que eu comecei essa busca da ausência de Deus para conseguir acreditar na “catequese domiciliária”. As coisas aí começaram a acontecer, umas atrás das outras, sem que eu pedisse ou providenciasse… Uma amiga “beata” que me falava de um Jesus que morreu por mim, de um Deus que é Amor… Uma missão em Moçambique que me foi “proposta” como “ir em nome de Jesus” (isto foi um balde de água fria para mim…!!! O que seria isso?!)… Um convite para um retiro espiritual… Um desafio para ir à missa...Enfim… todos os dias algo novo e que me levava a encontrar esse nada que é tudo: o nosso, meu, Deus!
Claro que a catequese em casa já não “colava” e isso preocupava ou incomodava certas pessoas… Posso até dizer: ainda hoje lhes faz tanta mas tanta comichão que até a mim me dá vontade de rir!!!
Haveria outro caminho? Sim! O do resto da minha família… E porque não o escolhi? Não sei… nunca escolhi caminho nenhum para mim… Acho que nunca tive essa “liberdade” … e hoje? Hoje quero mesmo nunca ter essa liberdade e continuar a deixar-me guiar por esse Espírito de Amor que tudo é e tudo vence!

“Eu vos escolhi e vos constituí para que vades e produzais frutos, e o vosso fruto permaneça” (Jo 15,16). Assim seja!

3 comentários:

  1. Magnífico testemunho! gostei mesmo! ='D de facto, é ELE quem nos escolhe... e tem maneiras originais de o fazer! =)

    Salomé

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  2. <mtuito lindo! o teu tio foi o intecessor da familia, e tu fostes a escolhida para continuar.
    Quando Deus deixa marcas no nosso coaração, nunca mais somos as mesma pessoas!
    boa caminhada...
    CARLA ÁVILA

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  3. Olá! é assim nada acontece por acaso! As sementes da nossa vida so Deus é que faz crescer!
    Continua firme na Fé!
    jinhos

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